Setor elétrico brasileiro experimentou um aumento significativo nas emissões de GEE em 2021, diz estudo

Image

Principais responsáveis são usinas termelétricas fósseis, as quais emitiram 55,6 milhões de toneladas de dióxido de carbono

Dados do 2º Inventário de emissões atmosféricas em usinas termelétricas trazem dados surpreendentes sobre as emissões de CO2 no Brasil. Embora a matriz elétrica brasileira seja 83% composta por fontes renováveis segundo o Ministério de Minas e Energia, a última crise hídrica trouxe prejuízos ambientais devido o uso de termelétricas fósseis para cobrir a demanda.

As análises mostram que o setor elétrico brasileiro experimentou um aumento de 75% nas emissões de gases de efeito estufa em 2021, em relação ao total emitido pelo parque termelétrico fóssil do Sistema Interligado Nacional em 2020. Com esse crescimento, o estudo reforça que a participação de usinas fósseis ao invés das termelétricas renováveis foram as principais responsáveis pela poluição, já que a participação delas na geração de energia também aumentou de 15 para 20% em 2021.

Ao todo, todas as 82 usinas termelétricas fósseis contratadas pelo governo emitiram 55,6 milhões de toneladas de dióxido de carbono equivalente (CO2e). Em nota, uma das autoras do estudo, Raissa Gomes, ressalta que a emissão de poluentes em 2020 foi menor devido ao número de termelétricas, contudo em 2021 houve a contratação de mais usinas, o que favoreceu o aumento das emissões de gases de efeito estufa.

“O crescimento foi alto devido à crise hídrica de 2021, que prejudicou a geração hidrelétrica e fez o setor elétrico brasileiro acionar ainda mais as termelétricas emissoras. Em 2020, as emissões foram menores: de 31,7 milhões de toneladas de CO2e” explica ela.

Felipe Barcellos e Silva, também autor do trabalho, acredita ainda que à tendência infelizmente só vai crescer visto que cada vez mais usinas termelétricas fósseis entram na matriz elétrica brasileira.

“Independentemente de crises hídricas, o aumento de emissões é uma tendência que deve continuar, pois cada vez mais termelétricas entram na matriz elétrica brasileira” alertou ele.

Dentre os materiais poluentes, por sua vez, estão o carvão mineral com oito plantas, o óleo combustível com 18 plantas e o óleo diesel com 11 plantas e gás de refinaria, com apenas uma planta. Segundo os pesquisadores, o tempo que as usinas estão operando no país também se mostrou responsável pelo crescimento das emissões. Esse intervalo de operação passou de 31% em 2020 para 50% em 2021. Dessa forma, as usinas passaram a ser ligadas por mais tempo.

Outro motivo citado pelos pesquisadores sobre o aumento dos gases poluentes diz respeito a formalização e contratação das usinas termelétricas fósseis em tempo integral e não só como maneira de substituir o acionamento de hidrelétricas em momentos de crise e de reservatórios de água em baixa.

“Nesse contexto, como já mencionado, 2021 foi um ano em que o setor elétrico brasileiro experimentou um aumento significativo nas emissões de GEE. Além de problemas ambientais, o maior acionamento de termelétricas fósseis pode causar elevação nas contas de luz, já que a operação desses empreendimentos é mais cara em relação a usinas renováveis” explica o estudo.

Por fim, os pesquisadores reforçam que embora o cenário das termelétricas fósseis tenha acontecido para driblar a crise hídrica, o país tem se mostrado apto a adesão desse tipo de usina nos últimos anos o que é preocupante. Eles destacam que é possível expandir a matriz elétrica brasileira sem inaugurar termelétricas, visto que o país é rico em outras fontes renováveis.

O estudo completo pode ser acessado no site oficial energiaeambiente.org.br



Fonte: Canal Move

Gostou do Conteúdo, Cadastre-se já e receba todas as notícias de Canal Move no seu email cadastrado

Compartilhe esta noticia: