Ceará pode abrigar grande reserva de cobalto essencial para carros elétricos, aponta UFC

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Pesquisa da UFC destaca potencial mineral estratégico no Ceará e reforça papel do Brasil na transição energética global

Um estudo conduzido por pesquisadores da Universidade Federal do Ceará (UFC) revelou que o estado pode ser uma das principais fontes de cobalto do Brasil, um mineral considerado crítico pela sua importância para a indústria de carros elétricos.

Os dados indicam que o depósito de Lagoa do Riacho, localizado no município de Ocara, no interior cearense, apresenta concentrações significativas do minério, tornando-se promissor para exploração futura.

A pesquisa, realizada por meio da técnica estatística de Análise de Componentes Principais (PCA), identificou padrões de enriquecimento de cobalto em depósitos de manganês do período paleoproterozóico, que remonta a 2,2 bilhões a 1,6 bilhão de anos atrás.

Os cientistas analisaram grandes jazidas localizadas no Brasil e na África e verificaram que muitas delas são potenciais fontes de cobalto. No território brasileiro, cinco depósitos foram destacados, sendo o cearense o mais promissor em termos de concentração média do elemento.

"O depósito de Lagoa do Riacho mostrou concentrações que merecem atenção do ponto de vista exploratório. Embora ainda sejam necessários estudos de viabilidade técnica e econômica, os resultados são promissores e colocam o Estado do Ceará em posição estratégica para futuras iniciativas voltadas à cadeia de produção de baterias e tecnologias limpas" aponta o professor Felipe Holanda dos Santos, do Departamento de Geologia da UFC e um dos responsáveis pelo estudo.

Alternativa à dependência do níquel

A produção brasileira de cobalto hoje está atrelada à extração de níquel. Entretanto, com a baixa cotação desse outro minério no mercado internacional, a mineração nacional de níquel está paralisada desde 2016, dificultando o acesso ao cobalto.

Nesse cenário, a proposta dos pesquisadores da UFC representa uma alternativa relevante: explorar o cobalto como subproduto da mineração de manganês. Evilarde Carvalho Uchôa Filho, doutorando em Geologia pela UFC e coautor da pesquisa, destaca a importância da descoberta.

"o cobalto pode ser explorado como um subproduto da mineração de manganês em depósitos antigos. Isso pode ser uma alternativa promissora, já que não depende da mineração de níquel, que enfrenta dificuldades atualmente" comenta ele.

Um mineral crítico e estratégico

Por fim, vale saber que o cobalto é considerado um mineral crítico por ser economicamente indispensável e, ao mesmo tempo, apresentar risco de esgotamento devido à sua exploração concentrada em poucos países, principalmente na República Democrática do Congo.

A instabilidade geopolítica e os questionamentos sobre a sustentabilidade e as condições de trabalho nessas regiões têm incentivado a busca por fontes alternativas.

Por isso, a identificação de novas jazidas, como a de Lagoa do Riacho, pode transformar o cenário da mineração nacional e inserir o Ceará como um protagonista na transição energética.


Foto: Viktor Braga/UFC

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