Canal Move traz uma entrevista exclusiva com Roberto Fortuna, assessor especial do gabinete do Secretário de Meio Ambiente do Estado da Bahia

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Especialista ressalta esforços do estado baiano para implantação de uma economia de baixo carbono

Canal Move- Como o Governo da Bahia está incentivando o uso do hidrogênio como fonte de energia e quais ações estão sendo tomadas para transformar o estado em um líder nesse setor?

Roberto: O Governo da Bahia trabalha desenvolvendo ações conjuntas e em rede articulando as secretarias do Meio Ambiente, Desenvolvimento Econômico, Ciência e Tecnologia, Agricultura e Planejamento para desenvolver estudos e projetos compartilhados, articulação e desenvolvimento de parcerias com o setor privado e agências de desenvolvimento, a partir da celebração de acordos de cooperação e formação de grupos de trabalho e comissões técnicas. Também divulgamos o potencial da Bahia para implantação de uma economia de baixo carbono, participando com palestrantes em diversos eventos nacionais e internacionais, reuniões com o setor privado ou agência de cooperação e fundos de investimentos.Também promovemos a realização de eventos como seminários, workshops e congressos. Realizamos diversas missões internacionais e “road shows” para visitas técnicas e atração de investimentos e contratamos ou realizamos internamente estudos e planos para promoção e desenvolvimento da cadeia de valor do hidrogênio renovável e seus derivados na Bahia.

Com essas ações a Bahia pretende se tornar protagonista do que será o novo cenário mundial, e construir uma economia de hidrogênio pautada no desenvolvimento de um mercado doméstico, nos setores químicos, de fertilizantes, transporte, entre outros. Isso é possível, pois a Bahia oferece infraestrutura favorável em termos de logística de transporte, de duto vias e transmissão de energia elétrica. Possui também grande disponibilidade de energia elétrica de fontes eólica, solar, biomassa ou biogás e de água para a produção do hidrogênio verde; água doce em rios e aquíferos, localizados principalmente no semiárido e no Oeste da Bahia e uma infraestrutura de pesquisa em universidades, escolas técnicas, centros de pesquisa e inovação.

O principal incentivo para o setor produtivo produzir e utilizar o hidrogênio de baixa ou nula emissão de carbono são as informações disponibilizada no Atlas H2V Bahia. Ação do Governo estadual no âmbito do Plano Estadual para Implementação de uma Economia de Hidrogênio Verde no Estado da Bahia (Decreto n.º 21.200 de 02/03/2022). O Atlas elaborou estudos, modelos e projeções que irão subsidiar o planejamento dos investidores privados e a criação de políticas públicas relacionadas à economia do H2.

Canal Move: Em sua visão, qual o impacto do Fórum Hidrogênio para o desenvolvimento econômico e sustentável da Bahia?

Roberto: A realização do IV Fórum atingiu o objetivo pretendido pelo Governo da Bahia que era o de chamar a atenção do Brasil e do mundo para o potencial que o Estado da Bahia possui para se tornar um dos principais players do país no processo de transição energética para uma economia de baixo carbono por meio da produção de fontes de energias limpas, como solar, eólica, biomassa e do hidrogênio de baixo ou nulo carbono.
O IV Fórum Internacional de Hidrogênio fortaleceu a presença do Estado no setor e oportunizou o desenvolvimento de parcerias estratégicas nas diversas reuniões realizadas no stand do governo, e também aproximamos empreendimentos privados com interesse comuns.
Isso tudo foi possível, pois o evento reuniu os principais especialistas do setor, produtores, fabricantes de máquinas e equipamentos, técnicos, acadêmicos e representantes do setor público.

Canal Move: Que desafios o Governo da Bahia encontra na implementação de uma infraestrutura para o hidrogênio e como a colaboração com empresas privadas está ajudando a superar esses obstáculos?

Roberto: A maioria dos desafios que podemos apontar se devem às limitações do ordenamento jurídico nacional. Apesar da recente instituição do marco legal do hidrogênio de baixa ou nula emissão de carbono pela Lei n.º 14.948, de 2 de agosto de 2024, os estados subnacionais precisam desenvolver medidas para tentar superar os desafios trazidos por questões como:
— > Carência de leilões de armazenamento de energia em sistemas de baterias para aumentar a segurança energética das unidades produtoras de H2 via rota da eletrólise.
— > Carência de empresas nacionais prestadoras de serviços especializados na cadeia produtiva do HR e derivados.
— > Ausência de uma política para estruturar a Cadeia de Suprimentos de Biomassa, visando maior integração agricultura-indústria para produção de e-Fuels.
— > Carência de um ambiente de negócios com maior segurança jurídica para permitir o adensamento de cadeias produtivas a partir de parcerias e alianças estratégicas.
— > Necessidade de maior volume de recursos para fomentar pesquisas para CCUS na produção de e-Fuels.
— > Carência de incentivos fiscais e tributários para as empresas que migrem para o uso de HR e derivados como fonte energética ou insumo para produção de amônia, fertilizantes, e-Fuels, entre outros.
— > Apoio à integração dos sistemas modais de transportes, requalificação dos terminais portuários já existentes e implantação de novos terminais especializados.

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